INCOMPETÊNCIA TEM LIMITES

NEM TODA GUERRA TEM QUARTEL

Um profissional bem treinado, durante longos anos em nível superior, e que tenha atingido os mais altos níveis da carreira, sempre possui algum grau de incompetência. E não se pode excluir dessa limitação os militares que cumpriram as exigências de disciplina e zelo a que são submetidos, e o requisito de seguir cursos de aperfeiçoamento para lograr promoções.

Uma das modas de RH, tempos atrás, foi a de avaliar o limite do avanço nas organizações pelo grau de incompetência atingido pelo indivíduo. Acreditava-se que o posto mais alto seria aquele acima do qual sua incompetência não seria mais tolerada.

Por estas e outras razões, não creio que um general de Intendência do Exército, por ventura acantonado no Ministério da Saúde, pode passar por um total incompetente, incapaz de comprar, pagar, buscar, entregar e distribuir equipamentos e produtos, de acordo com normas bem estabelecidas. Ora, estas competências formam o grosso do que um tal general teria aprendido na Academia Militar, e estaria executando desde quando era segundo-tenente. Assim sendo, incompetente ele não poderia ser.

Para avaliar sua competência, teríamos que levar em conta que um intendente não foi preparado para conduzir uma unidade de combate, mas sim para saber como se comportar em ambiente de combate. E nisso, estou convencido de que a maior autoridade sanitária no País de nossa hipótese, ao contrário do que se pensa, pode ser considerada altamente competente.

Para empregar a metáfora da guerra, tão usada no contexto da Pandemia, diria que esse general poderia bem mostrar sua competência para participar de uma guerra sem quartel contra o vírus inimigo. Ainda que sem treinamento para atuar nesse tipo de combate, sendo general, teria sido formado para comandar em situações emergenciais ou desconhecidas.

Dadas essas circunstâncias, seria possível admitir que esse general não tenha competência para seguir uma estratégia de combate ao vírus? Que, por pura incompetência, não siga um plano de prontidão para esse combate, não avalie, não compre e não pague, nem traga, nem distribua qualquer dos insumos indispensáveis a esse combate, como equipamentos de proteção individual adequados ao tipo de combate, equipamento hospitalar normal e de campanha, equipamento para cuidados intensivos, armas letais contra o vírus. Letais contra o vírus, e não armas inócuas para o combate, mas eficazes para incapacitar quem a elas seja exposto.

Diante da opção de empregar as vacinas – únicas armas capazes de exterminar o inimigo sem causar danos às populações a serem protegidas -, como explicar como incompetência que nosso hipotético general não tenha avaliado, comprado, pago, estocado e distribuído a tempo as vacinas oferecidas? E como entender como pura incompetência que, diante de vacinas já providenciadas por terceiros, recuse-se a comandar a batalha da vacinação, única competência que lhe cabe exclusivamente?

E se o alvo a ser combatido não fosse o vírus, mas sim a imensa maioria dos que desejam sua sobrevivência e a de seus compatriotas, almejam o retorno da vida normal, precisam da retomada da economia e da normalidade de um governo estável? Se assim fosse, tudo o que seria visto como fruto de incompetência pode ser entendido como uma estratégia lógica e cristalina para efeito desta hipótese, embora possivelmente inconsciente para seus executores.

E se fosse uma estratégia para livrar-se de todos os que se constituem em obstáculo a essa minúscula minoria, cuja sobrevivência política depende de uma conjuntura de governo sem rumo, de um povo dependente de migalhas para sobreviver e de uma elite política inconfiável, pronta a alugar seu voto, até o momento oportuno para despejar o mito que, na verdade, não é mais do que é um inquilino inadimplente do poder.

Este vai para José Serra, com quem tenho discutido sobre a questão de saber se a loucura que nos rodeia tem lógica. Os argumentos e conclusões aqui contidos são de minha exclusiva responsabilidade.

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