DE TANTO ANDAR DESCALÇO NO MURO, O PSDB PEGA PÉ FRIO

PÉROLAS DO DIA-A-DIA

Tasso Jereissati diz hoje, no Estadão, duas coisas com efeito estratégico sobre atual pré-campanha presidencial. A primeira, já prevista, é que tornou-se incontornável a necessidade de alguma alternativa efetiva à previsível radicalização polarizada. A segunda é que seu partido, o PSDB, deve-se integrar a essa iniciativa, mas não necessariamente impondo seu candidato a presidente.

Se fosse uma atitude isolada do Senador cearense, poderia ser considerada uma iniciativa tática pessoal. Mas, considerando-se que Aécio Neves vem dizendo a mesma coisa com outras palavras, a iniciativa pode vir a ter um efeito estratégico. Explico-me: o PSDB deixaria de ter como objetivo buscar a presidência e, em vez disso, buscaria evitar a previsível e fatal radicalização Bolsonaro-Lula.

Ora, penso eu, o PSDB tem-se comportado como se seus principais caciques preferissem perder com o adversário a ganhar com seus próprios candidatos. Em 2018, chegou à perfeição de dividir-se de tal modo a sequer ir para o segundo turno, que alcançara em todas as quatro últimas eleições. Leva-me a crer que Aécio e Tasso convergem no temor de que uma candidatura peessedebista não apenas já saísse dividida, mas dividisse também o eleitorado de centro. Talvez o PSDB tenha pé frio?

O pressuposto presumível dessa atitude (my educated guess) é de que o apoio do PSDB a um candidato de outro partido, entre aqueles com os quais mais converge, como o Cidadania, o MDB, ou mesmo o DEM, levaria a um imediato realinhamentos da candidaturas de centro e poderia, com maior probabilidade, barrar do segundo turno um dos dois atuais favoritos dos pesquiseiros.

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